sábado, 30 de julho de 2011

O Novo livro de Nicholas Carr “The Shallows: How the Internet is Changing the Way We Think” ( Os superficiais: como a Internet está mundando nossa forma de pensar)
A Internet está realmente alterando o modo como nossa mente funciona?





Nicholas Carr argumenta que a internet é “re-configurando” nossos cérebros.
 Photograph: Howard Sochurek/Corbis
  
É uma sensação estranha resenhar um livro que afirma o seguinte: "Para algumas pessoas a própria idéia de ler um livro chegou a parecer coisa do passado, talvez até uma tolice..." Ora, o autor desta sentença confessa que, durante suas leituras, "perde logo a concentração como se ela ficasse à deriva após uma ou duas páginas". Logo, eu imagino que, a redação, edição e revisão do seu novo livro devem ter sido um “processo bastante complicado”. No entanto, ele corajosamente completou suas 224 páginas e, a julgar pela quantidade de notas de rodapé, deve ter lido um grande número de livros para fundamentar suas ideias.
De acordo com Carr, é a Internet a culpada pelo fato de a leitura ter se tornado muito mais difícil atualmente. Carr não um ludita[1], isto é, alguém contra avanços tecnológicos. Ele admite e comemora o fato de a Internet nos ter dado gigabytes de informações que noutro tempo seria quase impossível de acessar; a Internet nos dá acesso à vida e aos pontos de vista de um número exponencialmente crescente de pessoas e comunidades - e ainda nos possibilita comprar de forma muito mais fácil passagens de avião (e ironicamente também os livros de papel, objeto de estudo deste artigo).
Mas, ele diz ainda que Internet alterou a maneira como nossa mente funciona. A web nos encoraja a clicar e navegar. Depois algum tempo acessando na rede, tudo o que o nosso cérebro quer fazer é clicar e navegar. Paramos de ler romances como antes fazíamos "o linearidade da mente literária" se torna "a mente de ontem” [2].
Carr reconstrói uma história da ciência do cérebro para fundamentar seu argumento. A neurociência atual diz que a nossa massa cinzenta é maleável e plástico. Assim, como a Internet remodela e reconecta o cérebro em suas imagens, a forma tradicional de ler vai saindo uso e desaparecendo.[3]
Não nos surpreende que Carr apareça como alguém que está desconfortável com as mudanças. Na Internet há muita distração como luzes piscando, musiquinhas de fundo, sons diversos, etc., embora, ele aponte que foi um dos primeiros a investir muito do seu tempo aprendendo e produzindo em um Macintosh SE, por isso, sente-se confortável com dispositivos digitais que o ajuda em tarefas (como processamento de texto tipo Word, Excel ou coisas do tipo), mas ainda não inteiramente com algumas novas formas digitais, como Facebook e Twitter. Alguém poderia se perguntar se Carr está de luto pela “morte do autor”, o “fim das narrativas” - e tudo o mais que crítica literária tem dito - por causa disso usa a neurociência para justificar sua tristeza.
Leia este livro: você vai aprender muitas coisas interessantes, como teorias instigantes sobre o cérebro, sobre o Google, etc. E “se você terminar” de lê-lo, vai sentir uma sensação gratificante de ter, a nível individual, refutado a sua tese. Ou ao comprar, faça uma leitura rápida de todas as páginas, assimile alguma coisa disso, dispense as partes complexas ou técnicas demais e comece a digerir aquilo que entender[4]. Pode não ser o que o autor pretendia, mas você pode aprender mais, e fazer algumas conexões estimulantes ao longo do caminho - exatamente como você faz na internet.

Tradução Livre: Wellington Amâncio  (Adaptações, coerência e coesão, contextualização, notas de rodapé) e José da Silva Google (transladador contingente)
Fonte:



[1] Ludita Identifica toda pessoa que se opõe à industrialização intensa ou a nova tecnologia, geralmente vinculada ao movimento anarcoprimitivista.
[2] Paul Virílio diz que, o tempo como o conhecemos, se diluiu no tempo da tela, do aqui e agora de quando se liga o PC e o mundo começa a girar, noticiar, aparecer a partir dele.
[3] “a morte do autor”, o “fim das narrativas” foram algumas das previsões da crítica literária pós-moderna quanto ao fim do romance por sua incapacidade de se reinventar.  
[4] Aqui o resenhista usa o argumento do autor sobre a leitura feita em páginas virtual em que fazemos uma “leitura” muito superficial, demasiadamente seletiva e sem critérios, e pouco assimilamos do que “lemos” na Internet. Há repostagem na revista Veja de 20 de julho (nº) 29, sobre uma pesquisa com universitários.

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